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sexta-feira, 30 de maio de 2014

ORIXÁ JAGUN


ORIXÁ JAGUN, O GUERREIRO DE OBATALÁ

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FOLHAS: Akoko, algodão, saiao fortuna. folha de obi, folhas de
iroko , folhas oguegue e todos folhas de Oxalá
CORES: Preto e Branco
ODU: Ejionile Meji
REGIÃO: Ekiti Efon
SAUDAÇÃO: :Epá Arawrá,jagun Epá

Segundo as lendas e itans, Jagun, era um guerreiro dos Exércitos de Obatalá e que foi enviado às Terras de Omolu para lutar pela paz em nome de Oxalá. Isso fez que em algumas Casa ele seja cultuado como uma qualidade Omolu. No entanto Jagun é um Orixá Funfun que tem forte fundamento com Omulu, sendo então um Orixá específico e não uma qualidade. Pela ordem do meridilogun, Jagun responde no Odú Ejionilê (oitavo Odu) Odú regido por Oxaguiã, Odú no qual também respondem outros Guerreiros Brancos como Ogum Já e Oxaguiã Ajagunãn. 

Trata-se de um Orixá ambicioso que luta para conquistar posição destaque sem medir conseqüências, e apesar de ser um Orixá Funfun (branco) é considerado e cultuado como Orixá de Guerra. Carrega uma lança prateada na mão e um facão, e dependendo da qualidade ofá, pois um itan conta que Oxalá o nomeou como o guerreiro de todas as armas, e por ser um Orixá Funfun veste-se somente de branco. Seu fio de contas é na cor brancas e preto, podendo ser ornados com búzios e marfim. Jágun é Orixá Jovem ligado a Obatalá, e tem caminhos com Ogun Já, Oxaguiã Ajagunãn, e Ayrá. Também está ligado a quase todas e Yabás, principalmente Yemanjá, pois elas acalmam sua fúria. Quem traz Jágun ao barracão é Oxaguiã. Jagun também é considerado o “protetor” e “guardião” de Oxalufã. Como todo Orixá Funfun (branco) não aceita azeite de dendê, e sim azeite doce , banha de ori, e as vezes mel. Suas comidas são sempre brancas, aceitando pipocas feitas na areia, bolas de inhame cozido, bolas de arroz, acaçá e obí funfun, Aceita também Ebô (canjica) de Oxalá, e seus bichos também devem ser todos brancos. Dança com outros Orixás, acompanhando Ogun e principalmente Oxaguiã e Oxalufã. Sua dança é extremamente guerreira, começa com movimentos lentos, empunhando sua lança e adaga, e em determinado momento salta e se sacode todo empunhando a lança de um lado para outro, tamanha é sua fúria guerreira nessa hora. Segundo as lendas, a lança prateada de Jágun, durante as batalhas e guerras, além de ser usada para proteção contra os males e feitiçarias e abrir os caminhos, deixava seus inimigos cegos após serem feridos por ela. Jagun, assim como Ogum, é tido como um grande caçador, mas é essencialmente guerreiro.

Conta o itan que existiam três irmãos: Ogum Já, Jágun e Oxaguiã Ajagunãn. Eram três Guerreiros que pertenciam aos exércitos de Obatalá, lutavam e venciam todas as guerras e batalhas em nome de Oxalá e eram os Guardiões deste Orixá. Eram chamados de Guerreiros Brancos, por se vestirem somente com trajes brancos em homenagem a Obatalá. Considerados invencíveis, por sua bravura e coragem, nunca perderam uma batalha sequer. Sempre muito unidos, nunca se separavam. Mas um belo dia, os três irmãos guerreiros, foram guerrear contra o reino de Oxum. Ela com a grande sabedoria dos poderes das Ìyámi foi avisada que seu reino seria atacado. Desesperada foi consultar Ifá para saber o que faria. Ele mandou Oxum fazer um ebó, sacrificar oito Igbis à Oxalá e com o casco fizesse um pó e soprasse nas suas terras, e assim ela fez. Quando os guerreiros chegaram para invadirem as terras, eles ficaram tontos e se perderam um do outro. Jagun foi para as terras de Omolu, Ogum para as terras de Ifé e Oxaguiã para as terras de Oxalá. Mas mesmo assim, os três irmãos sempre estão juntos, respondendo um pelo outro. Por ter parado nas terras de Omulu o culto a Jagun foi assimilado ao de Omolu. Lá, ele se juntou com o Orixá Osayn e passou a ser um grande curandeiro, e em tempos de guerra ele cuidava dos guerreiros feridos com as porções e ervas mágicas que Osayn o ensinou. 

Os filhos de Jágun, tem aparência jovem, são autoritários, arrogantes, guerreiros, justiceiros, briguentos e agitados, fortes na adversidade, costumam fazer tudo à sua maneira, ouvem conselhos dos outros, mas costumam seguir sua própria vontade…São pessoas trabalhadoras, gostam de tudo rápido, exigem asseio, limpeza; são pessoas impulsivas; pessoas de espírito livre; enjoam de tudo facilmente; são dados a paixões violentas e passageiras, são curiosos e adoram viajar. Possuem grande proteção espiritual, boas amizades e, quase sempre, caminhos abertos. Possuem comportamento delicado, são honestas, dedicadas e atenciosas. Vivem com grandes esperanças, estão sempre apaixonadas, são sonhadoras, sofrem e se desdobram para ajudar e defender os amigos. Quando são repudiados ou sofrem algum tipo de traição podem se tornar extremamente vingativas e amargas. Apesar de serem guerreiras e obstinadas, as pessoas de Jagun, às vezes se isolam preferindo ambientes calmos e tranquilos. A personalidade dos filhos de Jágun é um misto de caracteristicas de Ogum, Omolú e Oxaguiã. Por isso muitos confundem os filhos de Jagun com os filhos de Oxaguiã, Ogum ou de Omulu.

Considerar Jagun como Obaluayê não está errado, pois o mesmo aceitou as tradições das terras de Obaluaye, mais também é correto usar por opção do Zelador todos os fundamentos desse Orixá pois ele tem cantigas e culto próprio, é correto também Jagun não vestir palha

Qualidades de Jagun

Jagun Elewé – Esse caminho é o de sua passagem pelas terras de Omulu, onde encontrou Ossain, com que tem fundamento, e aprendeu a magia da cura e das folhas. Sua ferramenta é um opere prateado (símbolo de Ossain). Come com Ossain, Odé Enrilé e Ogum Já. Qualidade muito guerreira, ligada a cura e os mistérios de magia de Ìyámi Oṣoronga.

Jagun Alagba ou Jagun Abagba – É uma qualidade de temperamento muito difícil de fundamento com Ìyámi e Baba Egun.Pessoas desse caminho pelo menos tem que se tomar Bori ou Obi com Ejé duas vezes no ano. Qualidade muito quente, tem ligação com Yewá pois ela foi sua esposa, é necessário todas as Iyabás para acalmá-lo. Essa qualidade é ligada a Oxaguiã Ajagunã e Ogum Já. Carrega uma mão de pilão nas costas e seus assentamentos ficam junto com os de Oxalá.Para mexer com esse Orixá, independente de caminho, tem que tratar bem de Ìyámi, Egun e Esú. Esse caminho de Jagun usa três kelês um de Búzios, um de conta e outro de Branco de Osala.

Jagun Ọdé Ou Jagun Olodé – Ligado aos Odés. Seus assentamentos ficam junto aos de Odés. Ligado a Ogum e Oxóssi, comendo junto com eles, usa um Ofá prateado. 

Jagun Igbona – Ligado a Ayrá. Nessa fase de Jagun é muito quente por se ligado aos Orisás do fogo Ayrá e Oyá.

Jagun Agbá funfun – Ligado a Oxalufã, Yemanjá e Oxaguiã. É uma qualidade lenta mas muito guerreira.

Jagun Ajojí ou Jagun Seji Lonan – Ligado a Ogum e Exu, é uma qualidade muito sanguinária. Muito quente e guerreiro, nessa fazer usa mariwô ou abre caminho para acalmá-lo. Come com Ogum, e leva um kelê e umbigueira de ferro.

Jagun Aisan – Tido como uma qualidade feminina de Jagun, ou seja trata-se de um Iyabá. Nesse caminho cobre-se de palha ou mariwô. Qualidade muito rara e que não se faz Ori.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

QUALIDADES DO ORIXÁ XANGÔ

QUALIDADES DE XANGÔ


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Xangô é um Orixá de origem Yorubá. Como personagem histórico teria sido o terceiro Aláàfìn Òyó, “Rei de Oyo”, filho de Oranian e Torosi (a filha de Elempê, rei dos Tapás que se aliou a com Oranian).
Xangô, no seu aspecto divino, permanece filho de Oranian, divinizado porém, tem Yemanjá como mãe e três Orixás como como esposas (Oyá, Oxum e Obá).


Senhor dos raios, trovões, grandes cargas elétricas e do fogo. É viril e atrevido, violento e justiceiro. Castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. É o Orixá do Poder, ele é a representação máxima do poder de Olorum.

QUALIDADES



Alufan: Muitas vezes confundido com Ayrá e até mesmo com Oxalufan. É um Xangô velho que veste branco e suas ferramentas são prateadas. Esta qualidade atua principalmente na função de encaminhar das almas desencarnadas (Eguns), atuando juntamente com Omulu na justiça e organização desta atividade.

Alafim: Dono do palácio real de Oyó, com fundamento com Oxaguian.

Afonjá: Foi governante da cidade de Ìlorin. Àfonjá, quer dizer líder do exército provincial do império. Está sempre em disputa com Ogum. Dono do talismã mágico dado por Oyá a mando de Obàtálá, é aquele que fulmina seus inimigos com o raio. Os Itans relatam que Afonjá e Ogum sempre lutaram entre si, ou disputando o amor da mãe Yemanjá, ou disputando o amor de suas mulheres Oyá, Oxum e Obá.
Conta um Itan que Ogum era invencível, sendo ardiloso, desconfiado, jamais dava as costas a um inimigo. Afonjá cansado de tanto perder as batalhas para Ogum desafiou-o para uma luta nas montanhas.
Afonjá sempre apelava para a magia quando estava ameaçado e não seria diferente daquela vez. Ao chegar no pé da montanha, Afonjá lançou seu machado (Oxé) ao ar, provocando um grande raio que fez as pedras da montanha desabarem sobre Ogum que foi soterrado. Afonjá venceu Ogum naquele dia e somente naquele dia.
Os filhos de Afonjá tem um espírito jovem e sábio, são feiticeiros, libertinos, tirânicos, obstinados, galantes, autoritários, orgulhosos, e adoram uma disputa.

Aganju: Qualidade guerreira e feiticeira. Tido como uma qualidade de Xangô aqui no Brasil, mas tratado como um Orixá específico na África. Aganjú no aspecto histórico seria filho de Dadá Ajaka, sendo assim sobrinho de Xangô e quinto alafin (rei) de Oyó. Está ligado ao fogo dos vulcões e em Cuba está ligado também ao deserto. Suas cores são o marrom e o branco, e seu metal o cobre.

Agodo: Qualidade velha que usa dois Oxês. Veste marrom e tem fundamento com Yemanjá. Atua com Oxum. É o Rei da cachoeira, senhor da justiça, rei das pedreiras, dos raios e trovões e das forças da natureza. Possui gênio difícil, sendo inclinado a dar ordens e ser obedecido. Foi ele quem raptou Obá.
Barú: Fundamento com Yemanjá , Exu e Oyá Topé, vestindo preto e marrom. Esta qualidade não come amalá, come amendoim cozido e padê. Esta interdição se deve ao Itan que conta que Baru era muito destemido, mas quando comia quiabo, que ele gostava muito, dormia o tempo todo e por isto perdeu muitas batalhas, pois quando acordava seus adversários já tinham voltado da guerra. Consultando um Babalaô foi-lhe dito que não comesse quiabos para que pudesse vencer seus inimigos.
Obain: veste-se marron e ligado a Oyá.
Oranfé: É o justiceiro, reto e impiedoso, Xangô que mora na cidade de ifé.
Obalubé: Grande rei, ligado a Oba, Oxum e Oyá. É muito orgulhoso, intratável e muito bruto.
Jakutà ou Djakutà: a representação da justiça e da ira de Olorun, sendo considerado miticamente como a forma divina e primordial de Xangô. Ele foi enviado em sua forma divina por Olorun para estabelecer a ordem e submeter Odudua e Oxalá aos planos da criação durante um momento de conflito entre as divindades. É o próprio Xangô.

Existe também uma confusão em relação aos Orixás da família de Xangô que acabaram sendo confundido como suas qualidades. É o caso de Oranian, Ajaká e Orungã. No entanto as qualidades ou caminhos existentes são as que foram citadas anteriormente.
Existem também diversos títulos de Xangô que passaram a ser cultuados como qualidades como Obá Kosso (Rei de Kosso, reino vizinho a Oyó) e Obá Lubê (Rei da riqueza, Senhor abastado).
Além dessas qualidades muitos Terreiros cultuam Ayrá e seus caminhos como qualidades de Xangô, o que descordo e trato como um Orixá específico, por isso não o coloco como qualidade ou caminho de Xangô.

Amalá Para Xangô

O que significa servir um amalá para Xangô?

 

Xangô, que nos rituais  gege-nagô é o Orixa da justiça, do equilíbrio, aquele que decide o certo e o errado, sendo representado principalmente pelo seu raio e o oxé (espécie de machado que corta dos dois lados, como a justiça deve ser, neutra e imparcial).

 

Possui como principal comida ritual o Amalá, por isso chamada de comida de axé, que deve ser colocado em gamela, quando possível, preparado por um filho de Xangô. Servir o Amalá é sempre um momento de muita emoção, e deve ser de união também, é quando temos a oportunidade de poder compartilhar do axé deste Orixá, com todos os presentes, é se encher de alegrias e forças a cada novo dia, é ter a certeza que Xangô está presente em todos os nossos momentos, nos acompanhando em cada decisão, em cada novo passo em nossa vida diária.

Quando for servido em um Xirê, o preparo do Amalá deve iniciar no dia anterior, com a maceração da mostarda (macerada para reduzir o amargo, característico da folha), para no dia seguinte um filho de Xangô (se houver) fazer o preparo do pirão (preparado a partir de farinha de mandioca crua) e do molho para ser servido. O molho, com a mostarda (folha) é servido sobre o pirão.

Nos rituais gêge-nagô a culinária é de extrema importância, pois o Orixá já está do lado de quem prepara, observando o carinho dispensado, a atenção dada e a dedicação do preparo inicial até a entrega do axé. Não basta fazer, é preciso fazer certo, sem esperar receber nada em troca por isso. É o que chamamos de amor, pelo Orixá, pela religião.

Mais do que servir uma linda oferenda, o "seu coração, deve estar puro", lembrando que o Orixá sabe quando estamos fazendo com o coração, pois não adianta fazer como alguns filhos e Pais de Santo (que nem poderiam ser chamados de Pai) que pedem e abençoam seus filhos pela boca (na frente de outros, para mostrar uma máscara, aquilo que não são) , e pelas costas cortam muitas aves e fazem feitiços para prender seus filhos. A hipocrisia e o desrespeito com os Orixás é o maior problema do batuque. A doença e os problemas futuros que estes recebem é a certeza que o Orixá tudo enxerga e tudo sentencia, nos mostra que Xangô é imparcial, retirando destas casas todos seus filhos que foram vítimas das artimanhas de alguns.

Segundo DaMata (2001), existe diferença entre alimento e comida, e esta última é capaz de identificar quem a come, conforme citação apud de Maciel (2005)

"Dize-me o que comes e te direi qual deus adoras, sob qual latitude vives, de qual cultura nasceste e em qual grupo social te incluis. A leitura da cozinha é uma fabulosa viagem na consciência que as sociedades têm delas mesmas, na visão que elas têm de sua identidade”.
(MACIEL, 2005, p. 50).

O Amalá, identifica Xangô na comunidade onde ele está inserido, fortifica o seu axé, identifica seus membros, e cumpre um compromisso social, pois em um Xirê é aberto a toda a comunidade.

Poder participar é ter a possibilidade de alimentar a sua fé a cada dia. Assim como é fornecido alimento ao corpo, a fé, é o alimento oferecido ao sagrado. Compartilhar o alimento com o sagrado é ter a possibilidade, e ser servido do mesmo alimento que é ofertado ao Orixá, neste caso Xangô.  

Quando é degustado pela comunidade e filhos de santo, estamos não somente ingerindo um alimento, mas também resgatando uma ancestralidade, estamos desenvolvendo nossa humildade, já que na sociedade atual não comemos com as mãos, comemos o amalá com as mãos em respeito a Xangô, em respeito aos Orixás e a religião africana.

É crucial que para participar deste ritual os participantes estejam puros, pois sendo Xangô o Orixá da balança, do equilíbrio ele busca a justiça onde ela estiver, inclusive quando seus filhos erram, pois a justiça é feita onde estiver.

Em todo o lugar onde estiver um Babalorixá, uma Yalorixá ou mesmo uma pessoa não iniciada, com certeza, estará também cultuando e resgatando a ancestralidade africana.

É imprescindível que o preparo do Amalá seja realizado com dedicação e pureza no coração, é necessário estar em sintonia com seu Orixá, e esta sintonia somente é alcançada com carinho de quem está preparando o Amalá.

O ritual do Amalá é a oportunidade que todos tem de compartilhar momentos de muita fé e agradecer a Xangô, além de fazer seus pedidos e fortalecer o axé.

Pois o axé é fortalecido com ações corretas a cada dia, axé é uma força, que segundo Santos (2008) "como toda força, pode diminuir ou aumentar. Essas variações estão determinadas pela atividade e condutas rituais".

Daí a importância de uma conduta correta e adequada a religião africana. Não basta ser de religião é preciso viver a religião, e a religião é vivida através de ações diárias com os Orixas, quando se prejudica um filho do axé, estamos prejudicando seu Orixá.

O Amalá para Xangô é o momento onde todos se reunem para desenvolver ainda mais a sua fé, desenvolver o axé e resgatar a ancestralidade de cada um.

Orixá é alegria, é paz e tranquilidade especialmente Xangô, orixá da justiça e do equilíbrio, capaz de tomar decisões certas onde nós não teríamos condições.

Neste sentido o Amalá para Xangô é o momento onde Xangô recebe todos os seus filhos, e os mostra o caminho certo, pois como Pai, ele educa, corrige e faz com que seus filhos andem e se desenvolvam a cada dia mais em toda a sua plenitude.

sábado, 17 de maio de 2014

Orixás Oboró

Orixás Masculinos

Exú
 

Exu é o orixá da comunicação. É o guardião das aldeias, cidades, casas e do axé, das coisas que são feitas e do comportamento humano. A palavra Èsù em yorubá significa “esfera” e, na verdade, Exu é o orixá do movimento.

Ele é quem deve receber as oferendas em primeiro lugar a fim de assegurar que tudo corra bem e de garantir que sua função de mensageiro entre o Orun e o Aiye, mundo material e espiritual, seja plenamente realizada. Na África na época das colonizações, o Exu foi sincretizado erroneamente com o diabo cristão pelos colonizadores, devido ao seu estilo irreverente, brincalhão e a forma como é representado no culto africano, um falo humano ereto, simbolizando a fertilidade. Por ser provocador, indecente, astucioso e sensual é comumente confundido com a figura de Satanás, o que é um absurdo dentro da construção teológica yorubá, posto que não está em oposição a Deus, muito menos é considerado uma personificação do Mal.Mesmo porque nesta religião não existem diabos ou mesmo entidades encarregadas única e exclusivamente por coisas ruins como fazem as religiões cristãs, estas pregam que tudo o que acontece de errado é culpa de um único ser que foi expulso, pelo contrário na mitologia yoruba, bem como no candomblé cada uma das entidades (Orixás) tem sua porção positiva e negativa assim como o próprio ser humano. De carácter irascível, ele se satisfaz em provocar disputas e calamidades àquelas pessoas que estão em falta com ele. No entanto, como tudo no universo, possui de um modo geral dois lados, ou seja: positivo e negativo. Exu também funciona de forma positiva quando é bem tratado. Daí ser Exu considerado o mais humano dos orixás, pois o seu carácter lembra o do ser humano que é de um modo geral muito mutante em suas acções e atitudes.

Conta-se na Nigéria que Exu teria sido um dos companheiros de Oduduà quando da sua chegada a Ifé e chamava-se Èsù Obasin. Mais tarde, tornou-se um dos assistentes de Orunmilá e ainda Rei de Ketu, sob o nome de Èsù Alákétú. A palavra elegbara significa “aquele que é possuidor do poder (agbará)” e está ligado à figura de Exu. Um dos cargos de Exu na Nigéria, mais precisamente em Oyó, é o cargo denominado de Èsù Àkeró ou Àkesán, que significa "chefe de uma missão", pois este cargo tem como objetivo supervisionar as atividades do mercado do rei.

Exu praticamente não possui ewós ou quizilas. Aceita quase tudo que lhe oferecem.

Os yorubás cultuam Exu em um pedaço de pedra porosa chamada Yangi, ou fazem um montículo grotescamente modelado na forma humana com olhos, nariz e boca feita de búzios. Ou ainda representam Exu em uma estatueta enfeitada com fileiras de búzios tendo em suas mãos pequeninas cabaças onde ele, Exu, carrega diversos pós de elementais da terra utilizados de forma bem precisa, em seus trabalhos. Exu tem a capacidade de ser o mais sutil e astuto de todos os orixás. E quando as pessoas estão em falta com ele, simplesmente provoca mal entendidos e discussões entre elas e prepara-lhes inúmeras armadilhas. Diz um orìkì que: “Exu é capaz de carregar o óleo que comprou no mercado numa simples peneira sem que este óleo se derrame”. E assim é Exu, o orixá que faz: O erro virar acerto e o acerto virar erro. Èsù Alákétú possui essa denominação quando Exu, através de uma artimanha, conseguiu ser o Rei da região, tornando-se um dos Reis de Ketu. Sendo que as comunidades dessa nação no Brasil, o reverenciam também com este nome. Todos os assentamentos de Exu possuem elementos ligados às suas atividades. Atividades múltiplas que o fazem estar em todos os lugares: a terra, pó, a poeira vinda dos lugares onde ele atuará. Ali estão depositados como elemento de força diante dos pedidos.

   Lenda
                                                                   
  Exu leva aos homens o oráculo de Ifá
 Em épocas remotas os deuses passaram fome. Às vezes, por longos períodos, eles não recebiam bastante comida de seus filhos que viviam na Terra.  Os deuses cada vez mais se indispunham uns com os outros e lutavam entre si guerras assombrosas. Os descendentes dos deuses não pensavam mais neles e os deuses se perguntavam o que poderiam fazer. Como ser novamente alimentados pelos homens ? Os homens não faziam mais oferendas  e os deuses tinham fome. Sem a protecção dos deuses, a desgraça tinha se abatido sobre a Terra e os homens viviam doentes, pobres, infelizes. Um dia Exu pegou a estrada e foi em busca de solução. Exu foi até Yemanjá em busca de algo que pudesse recuperar a boa vontade dos homens. Yemanjá lhe disse: "Nada conseguirás. Xapanã já tentou afligir os homens com doenças, mas eles não vieram lhe oferecer sacrifícios".
Yemanjá disse: "Exu matará todos os homens, mas eles não lhe darão o que comer. Xangô já lançou muitos raios e já matou muitos homens, mas eles nem se preocupam com ele. Então é melhor que procures solução em outra direcção. Os homens não tem medo de morrer. Em vez de ameaçá-los com a morte, mostra a eles alguma coisa que seja tão boa que eles sintam vontade de tê-la. E que, para tanto, desejem continuar vivos".
Exu retornou o seu caminho e foi procurar Orungã.  Orungã lhe disse: "Eu sei por que vieste. Os dezasseis deuses tem fome. É preciso dar aos homens alguma coisa de que eles gostem, alguma coisa que os satisfação. Eu conheço algo que pode fazer isso. É uma grande coisa que é feita com dezasseis caroços de dendê. Arranja os cocos da palmeira e entenda seu significado. Assim poderás conquistar os homens".
Exu foi ao local onde havia palmeiras e conseguiu ganhar dos macacos dezasseis cocos. Exu pensou e pensou, mas não atinava no que fazer com eles. Os macacos  então lhe disseram: "Exu, não sabes o que fazer com os dezasseis cocos de palmeira? Vai andando pelo mundo e em cada lugar pergunta o que significam esses cocos de palmeira. Deves ir a dezasseis lugares para saber o que significam esses cocos de palmeira. Em cada um desses lugares recolheras dezasseis odus. Recolherás dezasseis histórias, dezasseis oráculos. Cada história tem a sua sabedorias, conselhos que podem ajudar os homens. Vai juntando os odus e ao final de um ano terás aprendido o suficiente. Aprenderás dezasseis vezes dezasseis odus. Então volta para onde moram os deuses. Ensina aos homens o que terás aprendido e os homens irão cuidar de Exu de novo".
Exu fez  o que lhe foi dito e retornou ao Orun, o Céu dos Orixás. Exu mostrou aos deuses os odus que havia aprendido e os deuses disseram: "Isso é muito bom". Os deuses, então, ensinaram o novo saber aos seus descendentes, os homens. Os homens então puderam saber todos os dias os desígnios dos deuses e os acontecimentos do porvir. Quando jogavam os dezasseis cocos de dendê e interpretavam o odu que eles indicavam, sabiam da grande quantidade de mal que havia no futuro. Eles aprenderam  a fazer sacrifícios aos Orixás para afastar os males que os ameaçavam. Eles recomeçavam a sacrificar animais e a cozinhar suas carnes para os deuses. Os Orixás estavam satisfeitos e felizes. Foi assim que Exu trouxe aos homens o If'á.
                                                                                                                                 
 Ogum


Ogum (em yoruba: Ògún) é, na mitologia yoruba, o orixá ferreiro, senhor dos metais. O próprio Ogum forjava suas ferramentas, tanto para a caça, como para a agricultura, e para a guerra. Na África seu culto é restrito aos homens, e existiam templos em Ondo, Ekiti e Oyo. Era o filho mais velho de Oduduwa, o fundador de Ifé, identificado no jogo do merindilogun pelos odu etaogunda, odi e obeogunda, representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado igba ogun.
Ogum é considerado o primeiro dos orixás a descer do Orun (o céu), para o Aiye (a Terra), após a criação, um dos semideuses visando uma futura vida humana. Em comemoração a tal acontecimento, um de seus vários nomes é Oriki ou Osin Imole, que significa o "primeiro orixá a vir para a Terra".
Ogum foi provavelmente a primeira divindade cultuada pelos povos yorubá da África Ocidental. Acredita-se que ele tenha wo ile sun, que significa "afundar na terra e não morrer", em um lugar chamado 'Ire-Ekiti'.
É também chamado por Ògún, Ogoun, Gu, Ogou, Ogun e Oggún.
Lenda


Na Terra criada por Obatalá, em Ifé, os orixás e os seres humanos trabalhavam e viviam em igualdade. Todos caçavam e plantavam usando frágeis instrumentos feitos de madeira, pedra ou metal mole. Por isso o trabalho exigia grande esforço. Com o aumento da população de Ifé, a comida andava escassa. Era necessário plantar uma área maior. Os orixás então se reuniram para decidir como fariam para remover as árvores do terreno e aumentar a área de lavoura. Ossain, o orixá da medicina, dispôs-se a ir primeiro e limpar o terreno. Mas seu facão era de metal mole e ele não foi bem sucedido. Do mesmo modo que Ossain, todos os outros Orixás tentaram, um por um, e fracassaram na tarefa de limpar o terreno para o plantio. Ogun, que conhecia o segredo do ferro, não tinha dito nada até então. Quando todos os outros Orixás tinham fracassado, Ogun pegou seu facão, de ferro, foi até a mata e limpou o terreno. Os Orixás, admirados, perguntaram a Ogun de que material era feito tão resistente facão. Ogun respondeu que era o ferro, um segredo recebido de Orunmilá. Os Orixás invejaram Ogun pelos benefícios que o ferro trazia, não só à agricultura, como à caça e até mesmo à guerra. Por muito tempo os Orixás importunaram Ogun para saber do segredo do ferro, mas ele mantinha o segredo só para si. Os Orixás decidiram então oferecer-lhe o reinado em troca do que ele lhes ensinasse tudo sobre aquele metal tão resistente. Ogun aceitou a proposta. Os humanos também vieram a Ogun pedir-lhe o conhecimento do ferro. E Ogun lhes deu o conhecimento da forja, até o dia em que todo caçador e todo guerreiro tiveram sua ança de ferro. Mas, apesar de Ogun ter aceitado o comendo dos Orixás, antes de mais nada ele era um caçador. Certa ocasião, saiu para caçar e passou muitos dias fora numa difícil temporada. Quando voltou da mata, estava sujo e maltrapilho. Os Orixás não gostaram de ver seu líder naquele estado. Eles o desprezaram e decidiram destituí-lo do reinado. Ogun se decepcionou com os Orixás, pois, quando precisaram dele para o segredo da forja, eles o fizeram rei e agora dizem que não era digno de governá-los. Então Ogun banhou-se, vestiu-se com folhas de palmeira desfiadas, pegou suas armas e partiu. Num lugar distante chamado Irê, construiu uma casa embaixo da arvore de Acoco e lá permaneceu. Os humanos que receberam deOgun o segredo do ferro não o esqueceram. Todo mês de dezembro, celebravam a festa de Uidê Ogun. Caçadores, guerreiros, ferreiros e muitos outros fazem sacrifícios em memória de Ogun.  Ogun é o senhor do ferro para sempre.  
  Oxossi
                                                      

Oxóssi, do iorubá Òsóòsì, é um orixá da caça e da fartura, identificado no jogo do merindilogun pelo odu obará e representado nos terreiros de candomblé pelo igba oxóssi. Durante a diáspora negra, muitos escravos que cultuavam Oxóssi não sobreviveram aos rigores do tráfico negreiro e do cativeiro, mas, ainda assim, o culto foi preservado no Brasil e em Cuba pelos sacerdotes sobreviventes e Oxóssi se transformou, no Brasil, num dos orixás mais populares, tanto no candomblé, onde se tornou o rei da nação Ketu, quanto na umbanda, onde é patrono da linha dos caboclos, uma das mais ativas da religião. Seu habitat é a floresta, sendo simbolizado pela cor verde na umbanda, e recebendo a cor azul clara no candomblé, mas podendo usar, também, a cor prateada nesse último. Sendo assim, roupas, guias e contas costumam ser confeccionadas nessas cores, incluindo, entre as guias e contas, no caso de Oxóssi e, também, seus caboclos, elementos que recordem a floresta, tais como penas e sementes.
Seus instrumentos de culto são o ofá (arco e flecha), lanças, facas e demais objetos de caça. É um caçador tão habilidoso que costuma ser homenageado com o epíteto "o caçador de uma flecha só", pois atinge o seu alvo no primeiro e único disparo tamanha a precisão. Conta a lenda que um pássaro maligno ameaçava a aldeia e Oxossi era caçador, como outros. Ele só tinha uma flecha para matar o pássaro e não podia errar. Todos os outros já haviam errado o alvo. Ele não errou, e salvou a aldeia. Daí o epíteto "o caçador de uma flecha só".
No Brasil, Ibualama, Inlè ou Erinlè é uma qualidade de Oxóssi, marido de Oxum Ipondá e pai de Logunedé. Como os demais Oxóssis é caçador, rei de Ketu e usa ofá (arco e flecha), mas se veste de couro, com chapéu e chicote.
Um Oxóssi azul, Otin, usa capanga e lança. Vive no mato a caçar. Come toda espécie de caça, mas gosta muito de búfalo. A curiosidade e a observação são características das pessoas consideradas filhas de Oxóssi, orixá também da alegria, da expansão, que gosta de agir à noite, como os caçadores. São faladores, ágeis e de raciocínio muito rápido. Oxóssi é o arquétipo daquele que busca ultrapassar seus limites, expandir seu campo de ação, enquanto a caça é uma metáfora para o conhecimento, a expansão maior da vida. Ao atingir o conhecimento, Oxóssi acerta o seu alvo. Por este motivo, é um dos Orixás ligados ao campo do ensino, da cultura, da arte. Nas antigas tribos africanas, cabia ao caçador, que era quem penetrava o mundo "de fora", a mata, trazer tanto a caça quanto as folhas medicinais. Além, eram os caçadores que localizavam os locais para onde a tribo poderia futuramente mudar-se, ou fazer uma roça. Assim, o orixá da caça extensivamente é responsável pela transmissão de conhecimento, pelas descobertas. O caçador descobre o novo local, mas são os outros membros da tribo que instalam a tribo neste mesmo novo local. Assim, Oxóssi representa a busca pelo conhecimento puro: a ciência, a filosofia. Enquanto cabe a Ogum a transformação deste conhecimento em técnica. Apesar de ser possível fazer preces e oferendas a Oxóssi para os mais diversas facetas da vida, pelas características de expansão e fartura desse orixá, os fiéis costumam solicitar o seu auxílio para solucionar problemas no trabalho e desemprego. Afinal, a busca pelo pão-de-cada dia, a alimentação da tribo costumeiramente cabe aos caçadores.


 Lenda
Oxóssi aprende com Ogun a arte da caça.
Oxóssi é irmão de Ogun. Ogun tem pelo irmão um afeto especial. Num dia em que voltava da batalha, Ogun encontrou o irmão temeroso e sem reação, cercado de inimigos que já tinham destruído quase toda a aldeia e que estavam prestes a atingir sua família e tomar suas terras. Ogun vinha cansado de outra guerra, mas ficou irado e sedento de vingança. Procurou dentro de si mais forças para continuar lutando e partiu na direção dos inimigos. Com sua espada de ferro pelejou até o amanhecer. Quando por fim venceu os invasores, sentou-se com o irmão e o tranqüilizou com sua proteção. Sempre que houvesse necessidade ele iria até seu encontro para auxiliá-lo. Ogun então ensinou Oxóssi a caçar, a abrir caminhos pela floresta e matas cerradas. Oxóssi aprendeu com o irmão a nobre arte da caça, sem a qual a vida é muito mais difícil. Igun ensinou Oxóssi a defender-se por si próprio e ensinou Oxóssi a cuidar da sua gente. Agora Ogun podia voltar tranquilo para a guerra. Ogun fez de Oxóssi o provedor.
Oxóssi é o irmão de Ogun.  Ogun é o grande guerreiro. Oxóssi é o grande caçador.
                                                                                                               
 Ossain

             
 
Osanyin é a entidade das folhas sagradas, ervas medicinais e litúrgicas, identificado no jogo do merindilogun pelo odu iká e representado materialmente e imaterial pela cultura Jeje-Nago, através do assentamento sagrado denominado igba ossaim. Sua importância é primordial. Nenhuma cerimônia pode ser realizada sem sua interferência. O seu sacerdote é o Babá Olosayin.
Ossaniyn, Ossaim, Ossãe, Ossain (como se escreve habitualmente), ou Ossanha (na Umbanda) que é o Orixá das ervas, no candomblé Jeje é chamado de Agué é o Vodun da caça e das florestas e conhece os segredos das folhas, no Candomblé Bantu é chamado de Katendê, Senhor das insabas (folhas). Seria de ambos os sexos assim como Oxumarê, segundo alguns pesquisadores 6 meses seria homem e 6 meses seria mulher. Ossaniyn, Oxumarê e Obaluayê são filhos de Nanã com Oxalá.
Comanda as folhas medicinais e litúrgicas, chamadas de folha sagrada, que são utilizadas numa mistura especial chamada de abô. Muitas vezes, é representado com uma única perna. Cada orixá tem a sua folha, mas só Ossaim detém seus segredos. E sem as folhas e seus segredos não há axé, portanto sem ela nenhuma cerimônia é possível.
Lenda
Ossain dá uma folha para cada Orixá.
 Ossain, filho de Nanã e irmão de Oxumarê, Euá e Obaluayê, era o senhor das folhas, da ciência e das ervas, o orixá que conhece o segredo da cura e o mistério da vida. Todos os orixás recorriam a Ossain para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Ossain na luta contra a doença. Todos iam à casa de Ossain oferecer seus sacrifícios. Em troca Ossain lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abô, beberagens. Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males. Um dia Xangô, que era o deus da justiça, julgou que todos os Orixás deveriam compartilhar o poder de Ossain, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura. Xangô sentenciou que Ossain dividisse suas folhas com os outros Orixás. Mas Ossain negou-se a dividir suas folhas  com os outros Orixás. Xangô então ordenou que Iansã soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Ossain para que fossem distribuídas aos Orixás. Iansã fez o que Xangô determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Xangô. Ossain percebeu o que estava acontecendo e gritou: "Euê Uassá!". "As folhas funionam!"
Ossain ordenou às folhas que voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Ossain. Quase todas as folhas retornaram para Ossain. As que já estavam em poder de Xangô perderam o Axé, perderam o poder da cura.O Orixá Rei, que era um orixá justo, admitiu a vitória de Ossain. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossain e que assim devia  permanecer  através dos séculos. Ossain, contudo, deu uma folha para cada Orixá, deu uma euê para cada um deles. Cada folha com seus axés e seus efós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais as folhas não funcionam. Ossain distribuiu as folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossain não conta seus segredos para ninguém, Ossain nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Orixás ficaram gratos a Ossain e sempre o reverenciam quando usam as folhas.
  Oxumarê
                  

É a cobra-arco-íris em nagô, é a mobilidade, a atividade, uma de suas funções é a de dirigir as forças que dirigem o movimento. Ele é o senhor de tudo que é alongado. O cordão umbilical que está sob o seu controle, é enterrado, geralmente com a placenta, sob uma palmeira que se torna propriedade do recém-nascido, cuja saúde dependerá da boa conservação dessa árvore. Ele representa também a riqueza e a fortuna, um dos benefícios mais apreciados no mundo dos iorubás. Em alguns pontos se confunde com o Vodun Dan da região dos Mahi.
É o símbolo da continuidade e da permanência, algumas vezes, é representado por uma serpente que morde a própria cauda. Oxumarê é um orixá completamente masculino, porém algumas pessoas acreditam que ele seja macho e fêmea, porém o orixá feminino que se iguala a Oxumarê é Ewá sua irmã gêmea que tem dominios parecidos com o dele. Enrola-se em volta da terra para impedí-la de se desagregar. Rege o príncipio da multiplicidade da vida, transcurso de múltiplos e variados destinos. De múltiplas funções, diz-se que é um servidor de Xangô, que seria encarregado de levar as águas da chuva de volta para as nuvens através do arco-íris.
É o segundo filho de Nanã, irmão de Osanyin, Ewá e Obaluayê, que são vinculados ao mistério da morte e do renascimento. Seus filhos usam colares de búzios entrelaçados formando as escamas de uma serpente que tem o nome de Brajá, usam também o Lagdigbá como Nanã e Omolu.


                                                                        Lenda
                                                                                 
  Entre o Céu e a Terra
Oxumare, filho de Nana e Orixalá, recebeu de Olorun uma missão muito especial e importante para dar continuidade ao processo de criação e renovação da natureza. Sua tarefa consistia em carregar, dentro de suas cabaças, toda água da Terra de volta para o céu. Era uma tarefa árdua e interminável, pois, nem bem ele enchia as nuvens, a água já começava a escorrer, molhando tudo novamente.
Ele não tinha tempo a perder, mas, numa dessas viagens, parou para olhar a Terra e viu um imenso lugar, onde tudo era extraído da lama. Estava faltando alguma coisa para dar mais alegria ao lugar.
O próprio Oxumare já tinha colocado em movimento todos os seres criados, como Olorun havia ordenado, mas ainda não bastava, tudo parecia muito igual e sem vibração.
Ele resolveu, então, pedir a Deus que o ajudasse a encontrar uma maneira de trazer mais felicidade para a Terra, e Olorun concedeu a ele a realização desse desejo.
Quando estava carregando água, sem querer, deixou cair algumas gotas pelo caminho. De repente, formou-se um arco colorido, de uma beleza incrível.
Aquele arco mostrava as cores do universo, e, através dele e de suas infinitas combinações, Oxumare poderia colorir toda a Terra com diversos matizes, tornando-a mais alegre e vibrante.
A partir de então, formou-se uma aliança entre Deus (Olorun) e os seres criados, que sempre poderia ser vista quando as águas do céu encontrassem a luz do sol.
O arco-íris tornou-se, também, símbolo desse Orixá, que gosta de movimento e harmonia em todas as coisas.



Obaluayê


 
Obaluaye em iorubá Obàlúwàiyé é traduzido por (rei e senhor da terra), Oba (rei) aiyê (terra), Obaluaiyê, Obaluaê, Xapanã, Omolu, são alguns dos nomes como é conhecido esse Orixá africano. Os orixás Nanã (cujo emblema é o Ibiri) e seus filhos Obaluaiyê (cujo emblema é o Xaxará) e Oxumaré (cujo emblema é uma cobra) pertencem ao Panteão da Terra. Obaluaye é identificado no jogo do merindilogun pelos odu Irosun, Ossá, Êjilobon e representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado igba obaluaye.


                                                                              Lenda
Omolú ganha pérolas de Yemanjá
Omolú foi salvo por Yemanjá quando sua mãe, Nanã Buruku, ao vê-lo doente, coberto de chagas, purulento, abandonou-o numa gruta perto da praia. Yemanjá recolheu Omolú e o lavou com a água do mar, o sal da água secou sua feridas, Omolú tornou-se um homem vigoroso, mas ainda carregava as cicatrizes, as marcas feias da varíola. Yemanjá confeccionou para ele uma roupa toda de ráfia, e com ela ele escondia as marcas de suas doenças, ele era um homem poderoso, andava pelas aldeias e por onde passava deixava um rastro ora de cura, ora de saúde, ora de doença, Mas continuava sendo um homem pobre.
Yemanjá não se conformava com a pobreza do filho adoptivo, Ela pensou:
“Se eu dei a ele a cura, a saúde, não posso deixar que seja sempre um homem pobre”. Ficou imaginando quais riquezas, poderia da a ele. Yemanjá era a dona da pesca, tinha os peixes, os polvos, os caramujos, as conchas, os corais, tudo aquilo que dava vida ao oceano pertencia a sua mãe, Olocum, e ela dera tudo a Yemanjá.
Yemanjá resolveu então ver suas jóias tinha algumas, mas enfeitava-se mesmo era com algas, ela enfeitava-se com água do mar, vestia-se de espuma, ela adorava-se com o reflexo de Oxu, a Lua.
Mas Yemanjá tinha uma grande riqueza e essa riqueza eram as pérolas, que as ostras fabricavam para ela. Yemanjá, muito contente com sua lembrança, chamou Omolú e lhe disse:
“De hoje em diante, és tu quem cuidas das pérolas do mar. Serás assim chamado de Jeholu, o Senhor das Pérolas”.
Por isso as pérolas pertencem a Omolú, por baixo de sua roupa de ráfia, enfeitando seu corpo marcado de chagas, Omolú ostenta colares e mais colares de pérola, belíssimos colares.


   Xangô
 
Shango ou Sango, é Orixá, de origem Yorubá. Seu mito conta que foi Rei da cidade de Oyo, identificado no jogo do merindilogun pelos odu obará, ejilaxebora e representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado igba xango.

Pierre Verger dá como resultado de suas pesquisas que: Shango ou Xangô, como todos os outros imolè (orixás e ebora), pode ser descrito sob dois aspectos: histórico e divino.
Como personagem histórico, Xangô teria sido o terceiro Aláàfìn Òyó, "Rei de Oyo", filho de Oranian e Torosi, a filha de Elempê, rei dos tapás, aquele que havia firmado uma aliança com Oranian.
Xangô foi o quarto rei lendário de Oyo (Nigéria, África), tornado Orixá de caráter violento e vingativo, cuja manifestação são os raios e os trovões. Filho de Oranian, teve várias esposas sendo as mais conhecidas: Oyá, Oxum e Obá. Xangô é viril e justiceiro; castiga os mentirosos, os ladrões e os malfeitores. Sua ferramenta é o Oxê: machado de dois gumes. É tido como um Orixá poderoso das religiões afro-brasileiras.
Enquanto Oxossi é considerado o Rei da nação de ketu, Xangô é considerado o rei de todo o povo yorubá. Orixá do raio e do trovão, dono do fogo, foi um grande rei que unificou todo um povo. Foi ele quem criou o culto de Egungun, sendo ele um dos Orixás que exerce poder sobre os mortos. Xangô é a roupa da morte, por este motivo não deve faltar nos Egbòs de Iku e Egun, o vermelho que lhe pertence. Ao se manifestar nos Candomblés, não deve faltar em sua vestimenta uma espécie de saieta, com cores variadas e fortes, que representam as vestes dos Eguns.
Xangô era forte, valente, destemido e justo. Era temido, e ao mesmo tempo adorado. Comportou-se em algumas vezes como tirano, devido a sua ânsia de poder, chegando até mesmo a destronar seu próprio irmão, para satisfazer seu desejo. Filho de Yamasse (Torosi) e de Oraniã, foi o regente mais poderoso do povo yorubá. Ele também tem uma ligação muito forte com as árvores e a natureza, vindo daí os objetos que ele mais aprecia, o pilão e a gamela; o pilão de Xangô deve ter duas bocas, que representam a livre passagem entre os mundos, sendo Xangô um ancestral (Egungun). Da natureza, ele conseguiu profundos conhecimentos e poderes de feitiçaria, que somente eram usados quando necessário. Tem também uma forte ligação com Oxumaré, considerado por ele como seu fiel escudeiro.
 
Lenda
Xangô Renascido

Xangô, quando viveu aqui na Terra, era um grande Obá (rei), muito temido e respeitado. Gostava de exibir sua bela figura, pois era um homem muito vaidoso. Conquistou, ao longo de sua vida, muitas esposas, que disputavam um lugar em seu coração. Além disso, adorava mostrar seus poderes de feiticeiro, sempre experimentando sua força. Em certa ocasião, Xangô estava no alto de uma montanha, testando seus poderes. Em altos brados, evocava os raios, desafiando essas forças poderosas. Sua voz era o próprio trovão, provocando um barulho ensurdecedor. Ninguém conseguia entender o que Xangô pretendia com essa atitude, ficando ali por muito tempo, impaciente por não obter resposta. De repente, o céu se iluminou e os raios começaram a aparecer. As pessoas ficaram impressionadas com a beleza daquele fenômeno, mas, ao mesmo tempo, estavam apavoradas, pois nunca tinham visto nada parecido. Xangô, orgulhoso de seu extremo poder, ficou extasiado com o acontecimento. Não parava de proferir palavras de ordem, querendo que o espetáculo continuasse. Era realmente algo impressionante! Foi, então, que, do alto de sua vaidade, viu a situação fugir ao seu controle. Tentou voltar atrás, implorando aos céus que os raios, que cortavam a Terra como poderosas lanças, desaparecessem. Mas era impossível – a natureza havia sido desafiada, desencadeando forças incontroláveis!  Xangô correu para sua aldeia, assustado com a destruição que provocara.
Quando chegou perto do palácio, viu o erro que cometera. A destruição era total e, para piorar a situação, todos os seus descendentes haviam morrido. Ao ver que o rei estava muito perturbado, seu próprio povo tentou consolá-lo com a promessa de reconstruir a cidade, fazendo tudo voltar ao que era antes. Xangô, sem dar ouvidos a ninguém, foi embora da cidade. Ele não suportou tanta dor e injustiça, retirando-se para um lugar afastado, para acabar com sua vida. O rei enforcou-se numa gameleira. Oyá, quando soube da morte de seu marido, chorou copiosamente, formando o rio Niger. Ela, que tinha conhecimento do reino dos eguns, foi até lá para trazer seu companheiro da morte, que veio envolto em panos brancos e com o rosto coberto por uma máscara de madeira, pois não podia ser reconhecido por Ikú, o Senhor da Morte. Xangô ressurge dos mortos, tornando-se um ser encantado. E foi assim que surgiu uma nova forma, ou qualidade, desse orixá, a qual chamamos Airá. Essa variação da essência de Xangô adotou, além do vermelho, a cor branca.
         Logun Ede

              

No entanto, existem outras versões acerca de sua filiação. Se na maioria dos mitos, Logunedé surge como filho de Oxum e Oxóssi, em outros, um pouco mais raros, aparece como filho de Ogun e Iansã. Há, ainda, histórias que contam a lenda de Logunedé como filho desses quatro Orixás, apresentando-o como nada mais, nada menos que uma representação dos Orixás Gêmeos, Ibeji.
Simultaneamente caçador e pescador, Logunedé é o herdeiro dos axés de Oxum e Oxóssi que se fundem e se mesclam como mistério da criação, trata-se de um orixá que tem a graça, a meiguice e a faceirice de Oxum à alegria, à expansão de Oxóssi. Se Oxum confere a Logunedé axés sobre a sexualidade, a maternidade, a pesca e a prosperidade, Oxóssi lhe passa os axés da fartura, da caça, da habilidade, do conhecimento.
Essa característica de unir o feminino de Oxum ao masculino de Oxóssi, muitas vezes o leva a ser representado como uma criança, um menino pequeno ou adolescente, formando mais uma tríade sagrada na História das religiões. Logun-Edé está encantado nos pequenos animais, como o coelho, o porquinho-da-índia e os pequenos pássaros, no mato baixo, nas matas pouco densas e principalmente nos rios, sua morada predilecta. Está ligado às artes de pintar, esculpir, escrever, dançar, cantar; como o seu pai Oxossi e ligado ao banho, pois também é filho de Oxum, deusas das águas doces.
Lenda
Logun Edè é salvo das águas
Logun Edè era filho de Oxóssi com Oxun. Era príncipe do encanto e da magia. Oxóssi e Oxum eram dois Orixás muito vaidosos. Orgulhosos, eles viviam às turras. A vida do casal estava insuportável e resolveram que era melhor separar. O filho ficaria metade do ano nas matas com Oxóssi  e a outra metade com Oxun no rio. Com isso, Logun se tornou uma criança de personalidade dupla:  cresceu metade homem, metade mulher. 
Oxun proibiu Logun Edè de brincar nas águas fundas, pois os rios eram traiçoeiros para uma criança de sua idade. Mas Logun era curioso e vaidoso como os pais. Logun nào obedecia à mãe. Um dia Logun nadou rio adentro, para bem longe da margem. Obá, dona do rio,para vingar-se de Oxum,  com quem mantinha antigas querelas,  começou a afogar Logun. Oxum ficou desesperada e pediu a Orunmilá que lhe salvasse o filho, que a amparasse nos eu desespero de mãe. Orunmilá que sempre atendia à filha de Oxalá, retirou o príncipe das águas traiçoeiras e o trouxe de volta à terra.  Então deu-lhe a missão de proteger os pescadores e a todos que vivessem das águas doces. Dizem que Oiá  foi quem retirou Logun Edè da água e terminou de criá-lo juntamente com Ogun.
   Oxaguiã
                                                 
 
Oxaguian ou Oxaguiã: Divindade Yorubá, cultuado no Candomblé afro-brasileiro.
Segundo a mitologia Yorubá, o universo foi criado por Olorum. Os filhos de Olorum são os Orixás, que receberam cada qual atribuições e responsabilidades sobre a criação de seu Pai. O primeiro e mais velhos dos Orixás é Oxalá, a quem se credita a criação do Homem. Oxaguian é apontado como o aspecto jovem de Oxalá, outras vezes é apontado como filho de Oxalufã, o qual é tido como o aspecto velho de Oxalá. Oxaguian, "o moço", na sua forma "guerreira" de Oxalá, carrega uma espada, cheio de vigor e nobreza. Na mitologia Yorubá, os Orixás associam-se a cidades ou regiões africanas, que seriam regidas ou favorecidas por seu respectivo Orixá. Seu templo principal é em Ejigbo, onde ostenta o título de Eléèjìgbó, ou Rei de Ejigbo. Orixá do dinamismo e movimento construtivo, da cultura material. Seu domínio são as lutas diárias por sustento e trabalho e a paz. Oxaguian incentiva o trabalho e a superação. Oxaguian é o provedor, é o guerreiro da paz. Nunca entra numa batalha para perder, sempre ganhando suas lutas e superando quaisquer obstáculos.
É sempre retratado como um guerreiro forte, astuto e conquistador, Oxaguian rege as inovações, a busca pelo aprimoramento, o inconformismo. É um Orixá relacionado com o sustento do dia a dia, gostando de mesa farta. Seu sustento vem do fundo da terra ou da floresta. Ele detém todas as armas e as usa para alcançar seus objetivos, que são: dar para quem tem fome e até tomar de quem tem muito e não tem fome.
Sua comida favorita é o inhame. Sendo orixá das inovações e invenções, criou para si o pilão, de tal forma que pudesse saborear seu prato favorito. Daí inclusive deriva seu nome: Oxaguian significa literalmente “Orixá comedor de Inhame Pilado”. Diz-se que enquanto Ogum fornece meios (ferramentas e armas) Oxaguian fornece inteligência e vontade para vencer. Representa o início de um movimento. Este orixá tem personalidade violenta e severa.
É com Oxaguian que se encerra o ciclo das festas de Oxalá com a festa do Pilão de Oxaguian (ojó odo)- o dia do pilão. 

 Lenda
....O comedor de inhame
Oxaguiã não tinha ainda este nome. Chegou num lugar chamado Ejigbô e aí tornou-se Elejigbô (Rei de Ejigbô). Oxaguiã tinha uma grande paixão por inhame pilado, comida que os iorubás chamam iyan. Elejigbô comia deste iyan a todo momento; comia de manhã, ao meio-dia e depois da sesta; comia no jantar e até mesmo durante a noite, se sentisse vazio seu estômago! Ele recusava qualquer outra comida, era sempre iyan que devia ser-lhe servido. Chegou ao ponto de inventar o pilão para que fosse preparado seu prato predileto!
Impressionados pela sua mania, os outros orixás deram-lhe um cognome: Oxaguiã, que significa “Orixá-comedor-de-inhame-pilado”, e assim passou a ser chamado. Awoledjê, seu companheiro, era babalaô, um grande advinho, que o aconselhava no que devia ou não fazer. Certa ocasião, Awoledjê aconselhou a Oxaguiã oferecer: dois ratos de tamanho médio; dois peixes, que nadassem majestosamente; duas galinhas, cujo fígado fosse bem grande; duas cabras, cujo leite fosse abundante; duas cestas de caramujos e muitos panos brancos. Disse-lhe, ainda, que se ele seguisse seus conselhos, Ejigbô, que era então um pequeno vilarejo dentro da floresta, tornar-se-ia, muito em breve, uma cidade grande e poderosa e povoada de muitos habitantes.Depois disso Awoledjê partiu em viagem a outros lugares. Ejigbô tornou-se uma grande cidade, como previra Awoledjê. Ela era rodeada de muralhas com fossos profundos, as portas fortificadas e guardas armados vigiavam suas entradas e saídas. Havia um grande mercado, em frente ao palácio, que atraía, de muito longe, compradores e vendedores de mercadorias e escravos. Elejigbô vivia com pompa entre suas mulheres e servidores. Músicos cantavam seus louvores. Quando falava-se dele, não se usava seu nome jamais, pois seria falta de respeito. Era a expressão Kabiyesi, isto é, Sua Majestade, que deveria ser empregada. Ao cabo de alguns anos, Awoledjê voltou. Ele desconhecia, ainda, o novo esplendor de seu amigo. Chegando diante dos guardas, na entrada do palácio, Awoledjê pediu, familiarmente, notícias do “Comedor-de-inhame-pilado”. Chocados pela insolência do forasteiro, os guardas gritaram: “Que ultraje falar desta maneira de Kabiyesi! Que impertinência! Que falta de respeito!” E caíram sobre ele dando-lhe pauladas e cruelmente jogaram-no na cadeia.Awoledjê, mortificado pelos maus tratos, decidiu vingar-se, utilizando sua magia. Durante sete anos a chuva não caiu sobre Ejigbô, as mulheres não tiveram mais filhos e os cavalos do rei não tinham pasto. Elejigbô, desesperado, consultou um babalaô para remediar esta triste situação. “Kabiyesi, toda esta infelicidade é consequência da injusta prisão de um dos meus confrades! É preciso soltá-lo, Kabiyesi! É preciso obter o seu perdão!” Awoledjê foi solto e, cheio de ressentimento, foi-se esconder no fundo da mata. Elejigbô, apesar de rei tão importante, teve que ir suplicar-lhe que esquecesse os maus tratos sofridos e o perdoasse. “Muito bem! – respondeu-lhe. Eu permito que a chuva caia de novo, Oxaguiã, mas tem uma condição: Cada ano, por ocasião de sua festa, será necessário que você envie muita gente à floresta, cortar trezentos feixes de varetas. Os habitantes de Ejigbô, divididos em dois campos, deverão golpear-se, uns aos outros, até que estas varetas estejam gastas ou quebrem-se”. Desde então, todos os anos, no fim da sêca, os habitantes de dois bairros de Ejigbô, aqueles de Ixalê Oxolô e aqueles de Okê Mapô, batem-se todo um dia, em sinal de contrição e na esperança de verem, novamente, a chuva cair.

Oxalufã
 
Oxalufan, Oxalufã ou Oxalufon, Orixá africano cultuado em todo o Brasil por todas as religiões afro-brasileiras, identificado no jogo do merindilogun pelo odu ofun ou êjiokô e representado materialmente e imaterial pelo candomblé, através do assentamento sagrado denominado igba oxalufan.
Considerado um Oxalá muito velho, curvado pelos anos, que anda com dificuldade e hesitação, como se estivesse atacado pelo reumatismo. Ele apoia seus passos cambaleantes sobre um paxorô (ou opaxorô), grande bastão de metal branco, encimado pela imagem de um pássaro e ornado por discos de metal e pequenos sinos. Considerado como o Orixá da Paz, da paciência, tudo que se refere à Oxalá é ligado a calma e a tranquilidade. Sua cor é o branco e seus filhos não podem usar roupa preta, vermelha e tons escuros. Seu dia da semana é a sexta-feira, e por respeito ao pai mais velho, todo povo-de-santo usa branco nesse dia. Sua dança é lenta como o passo do Igbin.
O Igbin, que é chamado o boi de Oxalá, é sua oferenda favorita juntamente com o Ebô. E Igbin também é o nome do toque dedicado à Oxalá. E As Águas de Oxalá é a sua principal festa realizada sempre no mês de janeiro nas principais casas tradicionais da Bahia.
Lenda
 A criação da Terra
Olorun, Deus supremo, criou um ser, a partir do ar (que havia no início dos tempos) e das primeiras águas. Esse ser encantado, que era todo branco e muito poderoso, foi chamado Oxalá. Logo em seguida, criou um outro orixá que possuía o mesmo poder do primeiro, dando-lhe o nome de Nana. Os dois nasceram da vontade de Olorun de criar o universo. Oxalá passou a representar a essência masculina de todos os seres, tornando-se o lado direito de Olorun. Nanan, por sua vez, teria a essência feminina, e representaria o lado esquerdo. Outros orixás também foram criados, formando-se um verdadeiro exército a serviço de Olorun, cada um com uma função determinada para executar os planos divinos. Exú foi o terceiro elemento criado, para ser o elo de ligação entre todos os orixás, e deles com Olorun. Tornou-se costume prestar-lhe homenagens antes de qualquer outro, pois é ele quem leva as mensagens e carrega os ebós. Olorun confiou à Oxalá a missão de criar a Terra, investindo-o de toda a sabedoria e poderes necessários para o sucesso dessa importante tarefa. Deu a ele uma cabaça contendo todo axé que seria utilizado. Oxalá, orgulhoso por ter recebido tamanha honraria, achou desnecessário fazer as oferendas a Exú. Exú, vendo que Oxalá partira sem lhe fazer as oferendas, previu que a missão não seria cumprida, pois, mesmo com a cabaça e toda a força do mundo, sem a sua ajuda não conseguiria chegar ao local indicado por Olorun. 
 
A caminhada era longa e difícil, e Oxalá começou a sentir sede, mas, devido à importância de sua missão, não podia se dar ao luxo de parar para beber água. Não aceitou nada do que lhe foi oferecido, nem mesmo quando passou perto de um rio interrompeu a sua jornada. Mais à frente, encontrou uma aldeia, onde lhe ofereceram leite de cabra para saciar sua sede, que também foi recusado. Todos os caminhos pareciam iguais e, depois de andar por muito tempo, sentiu-se perdido. De repente, ele avistou uma palmeira muito frondosa, logo à sua frente, Oxalá, já delirando de tanta sede, atingiu o tronco da palmeira com seu cajado, sorvendo todo o líquido que saía de suas entranhas (era vinho de palma). Embriagado pela bebida, desmaiou ali mesmo, ficando desacordado por muito tempo.
Exú avisou Nana que Oxalá não havia feito as oferendas propiciatórias, por isso não terminaria sua tarefa. Ela, agindo por contra própria, resolveu consultar um babalawô para realizar devidamente as oferendas. O sacerdote enumerou uma série de coisas que ela deveria oferecer, entre elas um camaleão, uma pomba, uma galinha com cinco dedos e uma corrente com nove elos. Exú aceitou tudo, mas só ficou com a corrente, devolvendo o restante à Nanan, pois ela iria precisar mais tarde. Outros sacrifícios foram realizados, até que Olorun a chamou para procurar Oxalá, que havia esquecido o saco da criação com o qual criaria a Terra. Nana, após terminar suas oferendas, foi atrás de Oxalá, encontrando-o desacordado próximo ao local onde deveria chegar.  Ao saber que Oxalá havia falhado em sua missão, Olorun ordenou que a própria Nanan prosseguisse naquela tarefa com a ajuda de todos os orixás. E assim foi feito. Nana pegou o saco da criação e o entregou à pomba, para que voasse em círculo. A galinha com cinco dedos foi solta, para espalhar aquela imensa quantidade de terra, e, finalmente, o camaleão arrastou-se vagarosamente, para compactá-la e torná-la firme. Quando Oxalá acordou, viu que a Terra já havia sido criada, e não o fora por ele. Desesperado, correu até Olorun, que o advertiu duramente por não ter reverenciado Exú antes de partir, julgando-se superior a ele. Oxalá, arrependido, implorou perdão. Olorun, sempre magnânimo, deu-lhe uma nova e importantíssima tarefa, que seria a de criar todos os seres que habitariam a Terra. Desta vez ele não poderia falhar! Usando a mesma lama que criou a Terra, Oxalá modelou todos os seres, e, insuflando-lhes seu hálito sagrado, deu-lhes a vida.  Desta forma, Nana e Oxalá desempenharam tarefas igualmente importantes, juntamente com a valiosa ajuda de todos os orixás, que possibilitaram o surgimento deste novo e maravilhoso mundo em que vivemos.  

Ogum dá ao homem o segredo do ferro.